Pobres de espírito
“Bem-aventurado os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” - Mateus 5:3
Bem-aventurados os πτωχος (ptochos - humildes, pobres, aqueles que são desprovidos de riqueza) de espírito.
Neste início de ano fui de férias com um amigo para o sul do país, lugar repleto de praias, dunas, restaurantes, enfim, diria que é uma pequena amostra do Eden.
Antes, planejei tudo: passagens de avião, hotel em São Paulo próximo ao aeroporto, Airbnb (locação temporária de uma casa). Tudo certo, bora lá! Um amigo nos deixou no hotel em São Paulo, dormimos lá, acordamos e fomos direto para o aeroporto com duas horas de antecedência. Chegando lá, vi no informativo das passagens que estávamos no aeroporto errado, que confusão. Fomos correndo para o outro. Deu tempo? Claro que não, mas no caminho algo me chamou a atenção: um adesivo em um carro com os dizeres “você já consultou Deus?” - guarde isso.
No aeroporto gastamos mais dinheiro com a troca do voo e mais tempo ainda, mas fomos!
Enfim chegamos, muita alegria, muito sol. Que nada! Estava chovendo (na verdade todos os dias que seguem choveram, e muito), mas tudo bem, vamos conhecer a casa que alugamos.
Se eu te disser que meu quarto (que não é lá grandes coisas) era maior que a casa toda! Tinha aproximadamente dois metros quadrados, não sabíamos se estávamos no quarto, cozinha, banheiro ou lavanderia, parecíamos onipresentes, pois estávamos em todos esses lugares ao mesmo tempo.
E comida? Nada de fartura, todos os restaurantes extremamente caros, com pratos para uma pessoa acima de R$70,00.
Mazelas de lado, o que tudo isso tem a ver com ser humilde de espírito?
Quando comecei a subir as dunas, mesmo que chovendo, pude contemplar um horizonte imenso e imponente, no meio de incontáveis grãos de areia sob meus pés, me sentei, chorei e reconheci o quão minúsculo sou diante do Criador de todas aquelas coisas, que com meus conhecimentos nem se quer um grãozinho de areia eu conseguiria reproduzir parecido, muito menos imaginar em criá-la. Deus diz em Isaías 55 - e naquele momento fez sentido para mim - que os pensamentos Dele são infinitamente maiores que os meus e os caminhos Dele são perfeitos, enquanto o meu, sozinho, é escuro e sem saída.
Meu amigo, do meu lado, também pasmo com a visão declarou que, assim como estávamos subindo uma duna alta e, quando chegamos no final, vimos que tinha muitas outras maiores com uma infinidade de areia, o amor Dele não tem fim, mesmo que pensamos que algo é de mais para caber no amor de Jesus, pode acreditar, não chegamos nem perto da plenitude!
Não tivemos luxo algum, apenas o necessário por quatro dias, chegávamos sempre encharcados da chuva e com muito frio, mas gratos a Deus.
Ser humilde de espírito é deixar sua autojustiça, seus conhecimentos e títulos e reconhecer a grandeza de Deus, é viver na dependência Dele, confiando na Sua fiel promessa de que de nada teremos falta, de que se precisamos de sabedoria, Ele tem, se precisamos de vida, Ele sopra, se precisamos de perdão e pedimos com arrependimento, Ele dá, se precisamos de amor... Ele é!
Quando me lembro da plaquinha no carro em São Paulo questionando se já consultei a Deus, faz mais sentido agora na minha cabeça. Se Ele é meu porto seguro, é Ele quem deve me dar a direção e não ao contrário, imagina como seria insensato um barquinho guiando um farol.
Reconheça a majestade, a grandeza e a beleza de Deus, que tudo há Nele e nada em nós, apenas somos pobres de espírito e isso basta para herdarmos o reino dos céus, é essa a promessa do mestre.